sexta-feira, 19 de junho de 2020

nada a ver com nada, mas.....


Que tempos vivemos, não? 
Tempos de trevas mas também tempos de renovação. 
Tempos de catarse. Tempos de derrubada, de trazer o antigo sistema abaixo, de se negar o fechar de olhos diante do que não funciona apenas pq está aí e aí sempre esteve. 
E digo isso não apenas pq vivemos no olho do furacão em que as falhas do capitalismo se mostram mais visíveis do que nunca, mas também me refiro a nível pessoal. Os dois últimos dias foram....complicados, para dizer o mínimo, pra mim, fã que sou de quadrinhos e pro-wrestling. 
Vocês sabem o quanto eu amo o trabalho de Warren Ellis. Eu tenho...tinha... tenho ?..... planos de fazer uma tatuagem de Transmetropolitan quando o futuro e minha condição financeira permitirem. 
E eu já teci loas e loas à David Starr, só pra ficar em um dos nomes revelados numa numerosa - e ainda em progresso, não se enganem - lista de exposed de abusadores de mulheres no cenário do pro-wrestling. Eu sempre admirei seus ideais e o quão vocal e não-apologético ele é a esse respeito.
Mas aí vem a realidade, escondida ou apenas obscurecida sob um véu de "bro code", de um sistema que faz vista grossa às revelações feitas por várias e várias e VÁRIAS mulheres abusadas e....
Não que eu esteja lamentando, longe disso. Ou melhor: lamento sim, pelas pessoas que tiveram traumas por causa dessa cultura de "boys being boys".
Quando essas revelações vem, claro que vc sente que tiraram um pouco do chão sobre vc, afinal, heróis costumam ser porto-seguros, zonas de conforto morais que usamos como bússolas.
Mas ao mesmo tempo, vem um certo alívio de que as coisas estão melhorando e de que os futuros "heróis" vão ter que ser pessoas melhores pq, afinal, não vão poder se esconder atrás dessa cortina de fumaça de complacência e cumplicidade. Que nenhuma pedra siga sem ser vasculhada e nenhuma voz fique em silêncio. E, como disse Sugar Dunkerton, um dos membros do WE the Independent, movimento de sindicalização dos wrestlers e amigo pessoal de David Starr, "se as consequências da verdade for assistir tudo diante dos nossos olhos pegando fogo, que seja".
Ironicamente, este também era o lema de Spider Jerusalem. A verdade, doa a quem doer. Uma sociedade que se constrói em cima de mentiras e segredos não pode resultar em nada perene e justo. 
Um sistema que se permite esse nível de erosão MERECE vir abaixo diante do próprio peso.
Todos os loas do universo às mulheres responsáveis por derrubar tais gigantes de pés de barro. 
Burn it down, ladies.
Burn it down. 

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